QUAIS SÃO AS VACINAS QUE ESTÃO EM FASE AVANÇADA CONTRA A COVID-19?
Postado 12/08/2020
Seis delas estão na reta final da corrida pela comprovação de eficácia. A OMS reconhece 163 experimentos em desenvolvimento contra a Covid-19, a maioria em fase pré-clínica, mas 23 estudos já avançaram para testes em humanos. Destes, seis estão em fase final.
Pesquisadores do mundo todo estão com as atenções voltadas ao desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus. Além de ser um importantíssimo passo na solução da pandemia que vem afetando o mundo todo, tornou-se, também, uma "corrida pelo ouro". Nunca o desenvolvimento de uma vacina foi tão rápido, já que as instituições e organizações estão permitindo, excepcionalmente, que as fases das pesquisas ocorram simultaneamente.
Oxford-AstraZeneca (Reino Unido):
Desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, foi apontada pela OMS como aquela com as pesquisas mais avançadas no mundo. Os 1.077 participantes testados na fase 2 geraram resposta imune com segurança e não apresentaram efeitos colaterais preocupantes. A tecnologia utilizada no método de Oxford é inédita: um adenovírus que causa o resfriado é alterado, recebendo um pedaço do material genético do Sars-Cov-2 para manifestar a chamada proteína spike (que é a utilizada pelo coronavírus para ligar-se às células do corpo e causar a infecção) para desenvolver uma resposta à proteína sem precisar entrar em contato com o vírus real. A fase 3 deste estudo já está em andamento, inclusive no Brasil, com 2 mil voluntários da área de saúde para os testes.
Nesta última quinta-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro liberou por meio de uma Medida Provisória (MP) cerca de R$ 2 bilhões para a produção dessa vacina. Foi fechado um acordo entre a AstraZeneca e o Ministério da Saúde de transferência da tecnologia para a fabricação das vacinas no Instituto Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Até dezembro, devem chegar insumos para a produção de um primeiro lote de 15 milhões de doses, que devem ser liberadas em janeiro de 2021.
Sinovac (China):
A chinesa Sinovac também já apresentou resultados positivos: 540 dos 600 pacientes testados na fase 2, finalizada em junho, apresentaram resultados positivos, sem efeitos adversos e com o desenvolvimento de resposta imune. A tecnologia utilizada pela Sinovac é bastante comum e utiliza o vírus inativado para treinar o sistema imunológico. Para a última fase, o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, firmou acordo com a empresa para efetuar os testes da vacina em seis estados do Brasil, que tiveram início na quinta-feira (6).
Moderna (Estados Unidos)
A empresa anunciou resultados animadores dos testes. A vacina apresentou a resposta imunológica esperada nos 45 voluntários. Eles acabaram apresentando um nível final de anticorpos maior do que o dos pacientes contaminados com a Covid-19. A fase 3 teve início no dia 27 de julho, nos Estados Unidos, com expectativa de alcançar o total de 30 mil voluntários. A tecnologia da vacina da Moderna também é inédita e utiliza o RNA mensageiro para gerar imunidade – são necessárias, porém, duas doses para gerar essa imunidade. A ideia é aplicar o material genético no corpo para que o próprio organismo produza as proteínas virais, induzindo a resposta imunológica.
CanSino (China)
Com uma fase 2 de testes bastante promissora, a CanSino também se encaminha, agora, para a etapa final. Em apenas uma aplicação, os índices de desenvolvimento de anticorpos atingiram os 90%. Esse método é similar ao de Oxford, utilizando um adenovírus inofensivo com material genético do Sars-Cov-2 para manifestar as proteínas spike e permitindo que o corpo desenvolva uma resposta contra a infecção real.
Pfizer/BioNTech (Estados Unidos e Alemanha)
A Pfizer e a BioNTech irão realizar as duas fases finais do estudo de forma concomitante. A testagem deverá envolver cerca de 30 mil participantes, com idades entre 18 e 85 anos, em centenas de países – inclusive o Brasil. A imunização é feita a partir de fragmentos da carga genética do vírus, que são inseridos no organismo humano envoltos em uma capa proteica. A ideia é que, inserindo essas "receitas" no corpo, ele passe a produzir essas proteínas, reconheça-as como corpos estranhos e, assim, crie imunidade. Os resultados ainda não foram publicados em revistas científicas, mas, de acordo com a empresa, os 120 voluntários testados na primeira etapa produziram anticorpos contra a Covid-19 depois de algumas semanas, com efeitos colaterais moderados. Se as duas últimas etapas forem bem-sucedidas, as empresas poderão submeter a vacina à aprovação regulatória em outubro, podendo produzir 100 milhões de doses até o final de 2020 e 1,3 bilhão até o final de 2021.
Gamaleya (Rússia)
O laboratório russo anunciou resultados positivos na primeira fase de testes, apesar de, assim como a da Pfizer/BioNTech, ainda não terem sido publicados em artigos científicos. Na primeira fase, conduzida com 38 voluntários, a vacina se mostrou segura para o uso. A aposta dos cientistas também é num adenovírus geneticamente alterado para manifestar características do Sars-Cov-2. O Centro de Pesquisas em Epidemiologia e Microbiologia Nikolai Gamaleya espera iniciar testes em larga escala em agosto, e o ministro da saúde, Mikhail Murashko, disse no último sábado (1) que a Rússia está se preparando para iniciar uma campanha de vacinação em massa ainda em outubro.
FONTE: Revista Amanhã
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