Por liderança climática, Natura recebe certificação pioneira global em carbono
Postado 08/07/2024
Empresa atingiu o nível platina de integridade de carbono e redução de emissões, o mais alto emitido pelo VCMI
A qualidade dos créditos de carbono do mercado voluntário tem sido tema de intenso debate nos últimos anos, e a discussão também acontece do lado das empresas que os adquirem. Atenta a essa questão, a Natura deu um importante passo: foi a segunda companhia do mundo e a primeira indústria a obter o nível mais alto de um selo que atesta a integridade no uso dos créditos de carbono.
A certificação de nível Platina é concedida pela Iniciativa de Integridade dos Mercados de Carbono Voluntários (VCMI), um órgão regulatório que atesta as compensações em créditos de alta qualidade e, acima de tudo, que são acompanhadas de uma estratégia de descarbonização alinhada com a ciência.
Em 2022, a Natura comprou e aposentou créditos de carbono de alta qualidade, iguais ou superiores a 100% de suas emissões remanescentes – o equivalente a 320 mil toneladas de CO2 equivalente.
No nível ouro, as empresas precisam compensar de 50% a 100% das emissões e, no nível prata, de 10% a 50%. A Natura é a primeira empresa do hemisfério sul a conquistar a certificação platina, e a segunda do mundo (a primeira foi a Bain&Company).
“A certificação demonstra a consistência, integridade e transparência da empresa em relação às mudanças climáticas. A Natura pode contribuir para o aumento da conscientização das empresas e para o debate sobre o assunto, visando o aumento da credibilidade do mercado voluntário de carbono”, afirma Ana Costa, vice-presidente de assuntos corporativos e sustentabilidade da Natura.
Obtida no último dia 10 de junho, a certificação se refere aos créditos comprados pela Natura durante o ano de 2022. Anualmente, a companhia realiza o seu inventário de carbono, que passa por verificação de auditoria independente e é reportado de acordo com o Protocolo GHG.
A empresa, então, apresenta seu processo interno de due diligence mostrando que ele está alinhado com os Princípios Básicos de Carbono do Conselho de Integridade para o Mercado Voluntário de Carbono (ICVCM) para atestar que os créditos de carbono são de alta qualidade.
Fernanda Facchini, gerente de sustentabilidade da Natura, observa que a certificação vai além da integridade dos créditos de carbono, já que também são analisados em que estágio as empresas estão em relação ao seu plano de transição climática, a eficácia de sua governança climática, sua transparência em relação aos projetos de crédito de carbono, como as companhias estão se estruturando para o net zero e as suas ações para a redução das emissões da cadeia de valor.
Ao aderir ao processo de certificação da VCMI, a empresa que atenda com sucesso a todos os requisitos, pode fazer uma Reivindicação de Integridade de Carbono. Na prática, certifica-se que a empresa que já está reduzindo emissões e progredindo na jornada de descarbonização. Os créditos, por sua vez, são de alta qualidade, fora da sua cadeia de valor, para acelerar a ação para emissões líquidas zero globalmente.
Ana Carolina Szklo, diretora técnica do VCMI para mercados e normas, explica que alguns dos critérios fundamentais para a certificação são:
- publicar o inventário de GEE de acordo com o Protocolo GHG
- estabelecer de metas de curto prazo para a redução de emissões de acordo com a iniciativa Science-Based Target Initiative (SBTi) ou organização equivalente
- ter o compromisso com metas de redução no longo prazo e a promoção de avanços na governança e na estratégia relativa às mudanças climáticas, mostrando que esta irá perdurar ao longo do tempo.
“Do ponto de vista da integridade, e do lado da demanda, o importante é garantir que os créditos de carbono sejam adicionais e não substituam os processos de descarbonização que precisam ser feito pelas empresas”, diz Szklo.
Surgido em 2021, o VCMI é uma iniciativa sem fins lucrativos que visa dar credibilidade aos mercados voluntários de carbono ao atestar que os créditos estão sendo usados de forma íntegra para mitigar as emissões que não foram evitadas. A iniciativa busca aumentar o engajamento das empresas para a redução de compensação de emissões de GEE. A organização orienta as companhias que desejam comprar créditos no mercado voluntário – e, também, como essa atividade deve ser comunicada ao mercado. No ano passado, lançou um guia (Claim Code of Practice).
A Natura fez parte de um grupo das primeiras 11 empresas mundiais convidadas pelo VCMI para se submeter ao processo de certificação. Agora, a intenção da companhia é passar anualmente pela verificação, além de colaborar com sua experiência para que outras empresas da América Latina também passem pelo processo.
“A agenda climática é uma agenda de todos. Que essa certificação seja um modelo para todos os que queiram seguir de forma transparente”, afirma Facchini.
Desde 2007, a Natura compensa a emissão de gases de efeito estufa de suas atividades por meio da compra de créditos de carbono – já foram compensadas mais de 4 milhões de toneladas de GEE contribuindo para a preservação de 21 mil de hectares de floresta. Como companhia vanguardista, em 2024 se torna uma early adopter desta certificação emitida pelo VCMI.
O foco maior, no entanto, é reduzir as próprias emissões: “Nosso objetivo é que as compensações sejam residuais e não preponderantes”, afirma Costa. Em 17 anos, a empresa já evitou a emissão de mais de 1,6 milhão de toneladas de carbono. “Buscamos realizar um projeto crível de transição climática.”
Da mesma forma, a indicação do VCMI é para que as empresas acelerem a transição para uma economia de baixo carbono e, no futuro, possam abandonar completamente as reivindicações de compensações.
O Plano 2030 da Natura prevê a redução de 90% das emissões dos escopos 1 e 2 (emissões diretas da empresa e emissões indiretas, como as referentes às fontes de energia) e 42% das emissões do escopo 3 (relacionadas à cadeia de valor, como emissões dos fornecedores).
É justamente nesta última em que está o maior desafio. Exemplos para reduzir as emissões do escopo 3 são o incentivo ao uso do etanol pelos veículos que fazem a entrega de produtos para as Consultoras de Beleza no Brasil e de motos elétricas na Colômbia.
Embora a Natura não gere crédito de carbono em seu processo produtivo, vem incentivando a geração dos créditos pelos seus parceiros por meio do pagamento de serviços socioambientais dos fornecedores da região Amazônica e do apoio técnico para que as comunidades possam se inserir nesse mercado.
A iniciativa também contribui para a resiliência da geração de renda das dessas comunidades, que, por trabalharem com produtos sazonais, ficam expostas à intermitência do faturamento. Com a possibilidade de receberem recursos extras pelos serviços socioambientais, esse problema é minimizado e a pressão pelo desmatamento se reduz.
Entre os parceiros da Natura de prestação de serviços socioambientais está a cooperativa Reca, em Rondônia, – da qual a companhia já compra insumos como manteiga de cupuaçu, óleo de castanha, óleo de andiroba, amêndoas de cumaru de cheiro e extrato de açaí e também paga por Repartição de Benefícios pela lei de acesso à biodiversidade. O PSA por conservação da floresta em pé entra como uma terceira fonte de pagamento aos cooperados.
A Natura ainda adquire créditos de carbono de não parceiros, por meio de edital anual “Compromisso com o Clima”, iniciativa em parceria com o Instituto Ekos Brasil que visa conectar empresas que querem compensar suas emissões de carbono com projetos que geram benefícios socioambientais.
FONTE: www.capitalreset.com
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