Parceria remove frete da equação e quer turbinar reciclagem do vidro
Postado 04/09/2023
Owens-Illinois, uma das maiores fabricantes de garrafas do mundo, vai garantir a compra do material processado pelo instituto Recicleiros.
Assim como as garrafas PET e as latas de alumínio, as embalagens de vidro são 100% recicláveis. Apesar disso, a taxa de reciclagem de vidro no Brasil é baixíssima, enquanto o reaproveitamento do alumínio é quase total e o PET é o tipo de plástico mais reciclado no país, com índice estimado ao redor de 50%.
O problema é que o vidro “não viaja”, como diz uma máxima do mundo da reciclagem.
Como o material é muito mais pesado que os demais e são poucas as indústrias de reciclagem existentes no país, o custo do transporte por longas distâncias se torna proibitivo. Esse fator, somado à flutuação dos preços pagos pelos cacos, faz com que muitas vezes a ponta da reciclagem não consiga se desfazer dos estoques.
“Se o custo do transporte for mais alto que o valor da matéria-prima, não tem como fechar a conta”, diz Erich Burger, fundador e diretor institucional do Instituto Recicleiros, organização da sociedade civil que fomenta o ecossistema de reciclagem no Brasil.
Para remover o custo logístico da equação e tentar assegurar que o vidro descartado pós-consumo vai virar uma nova embalagem, o Recicleiros acaba de fechar uma parceria com uma das maiores fabricantes de embalagens de vidro no mundo, a Owens-Illinois (O-I).
O acordo garante que todo o vidro coletado e triturado pelo Recicleiros será adquirido pela empresa. A O-I se compromete a pagar um custo fixo pelos cacos, independentemente da distância que eles tenham de viajar até uma de suas três fábricas, no Recife, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
A parceria tem duração de dois anos, com possibilidade de renovação, e a expectativa é recuperar cerca de 3 mil toneladas de vidro no primeiro ano.
Não é muito diante do volume total da empresa. A Owens-Illinois fabrica cerca de metade das mais de 1,5 milhão de toneladas de embalagens de vidro consumidas anualmente no país e tem entre seus clientes Coca-Cola, Heineken e Ambev.
Mas a companhia enxerga dois benefícios imediatos. O primeiro é aumentar a proporção de vidros reciclados no total da matéria-prima.
“O grande consumo do Brasil está próximo às regiões metropolitanas, mas como indústria precisamos ser responsáveis pelo vidro onde quer que ele esteja”, diz Alexandre Macário, gerente de economia circular da O-I.
O segundo tem a ver com qualidade. Muitas vezes, o material de reúso chega contaminado às plantas. O processamento do Recicleiros garante que os cacos entregues estejam quase prontos para os fornos onde serão transformados em novas garrafas.
Economia circular
Desde o ano passado, o vidro é um dos materiais sujeitos a uma regulação mais firme, com o objetivo de reduzir a geração de resíduos e incentivar a economia circular. Regras semelhantes existem para embalagens e eletroeletrônicos.
Comerciantes, distribuidores, fabricantes e importadores têm metas obrigatórias de reciclagem, que são calculadas em relação à produção nacional e aumentam gradualmente.
Para este ano, a porcentagem é de 27,5%, chegando a 35% em 2032. A regra leva em consideração aspectos regionais – a maior cota cabe a São Paulo, onde a densidade demográfica é maior, e a menor, à região Norte.
A exigência regulatória é um dos motores do crescimento do Recicleiros. O instituto está presente em 11 Estados, em 14 cidades de pequeno e médio porte, como São José do Rio Pardo (SP), Jijoca de Jericoacoara (CE), e Ji-Paraná (RO). O objetivo é chegar a 20 municípios até metade de 2024 e a 60 até 2026.
FONTE: www.capitalreset.com
Nosso Blog
-
Taxonomia Verde: Participe da Consulta Pública no Brasil
O governo brasileiro está dando um passo significativo rumo à sustentabilidade com a criação da Taxonomia...
-
Câmara aprova projeto que estabelece mercado regulado de carbono no Brasil; texto vai à sanção
O Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa vai estabelecer limites de emissões para...
-
Novas Regras do IBAMA para o CTF
O IBAMA publicou recentemente a Instrução Normativa nº 21/2024, simplificando o processo de inscrição e...
-
Senado aprova regulamentação do mercado de carbono
O Senado aprovou em 13/11/24 o projeto de lei que regulamenta o mercado de carbono no Brasil. A aprovação ocorre em meio...