Movimentação de talude em Barão de Cocais chega a 16 cm em ponto mais crítico, diz ANM
Postado 24/05/2019
A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou que a movimentação do talude que pode se romper a qualquer momento em uma mina da Vale, em Barão de Cocais (MG), chegou a 16 cm, nesta quinta-feira (23), ao pé do paredão, considerado o ponto mais crítico. Nos outros pontos, a movimentação média é de 12,5 cm por dia.
Esse talude é um paredão que fica acima da cava de mineração na Mina de Gongo Soco, que está cheia de água. A barragem Sul Superior está a 1,5 quilômetro desta cava.
O rompimento do talude pode causar uma reação em cadeia por abalos e desencadear o colapso da barragem. Outro cenário menos grave, mas também preocupante, é que a água da cava transborde e atinja rios da região da mina.
O chefe da Divisão de Segurança de Barragens da Agência Nacional de Mineração (ANM), Wagner Nascimento afirmou não é possível prever o dia em que ocorrerá a ruptura do talude, mas, segundo ele, a tendência é que ocorra até o fim de semana.
Ainda de acordo com Nascimento, essa movimentação foi identificada em 2012 e, até os últimos meses, ela era de 10 cm por ano.
Em um documento enviado ao Ministério Público de Minas Gerais pela Vale, a engenheira geotécnica Rafaela Baldi explica por que o talude está se movimentando. “É comum que parte do talude que fica mais no alto se desprenda. O talude está 'pelado', foi escavado e está solto, lá em cima. Com as vibrações típicas da atividade minerária, esta estrutura vai se desestabilizando e pode cair sobre a cava. Mas, pelo alerta feito, deve ter um problema geológico na área a ser considerado”, concluiu.
Defesa Civil
O tenente-coronel da Defesa Civil Flávio Godinho disse que esse momento é muito importante para os moradores da cidade porque elas têm sofrido com a situação, e a cada nova mensagem tem potencializado a crise, mas tranquilizou as pessoas.
"A gente já estava trabalhando com essa possibilidade, então, todo treinamento que ele foi feito nos preparamos para pior situação das pessoas de Barão de Cocais. Elas podem ter a sua tranquilidade. Os órgãos de segurança o sistema de Defesa Civil se faz presente na cidade para dar todo apoio. Então essa mancha de dam break que ora apresentada nós já fizemos um trabalho há dois meses com simulados treinando as pessoas", disse o militar.
No início da tarde, o Corpo de Bombeiros informou que está com o efetivo em sobreaviso caso ocorra o rompimento da barragem.
Senadores
Os senadores Fabiano Contarato (REDE-ES), presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal, e Carlos Viana (PSD-MG), presidente da CPI de Brumadinho, foram a Barão de Cocais e fizeram um sobrevoo na região e se reuniram com o prefeito da cidade,
O objetivo da visita e verificar as iniciativas do poder público e o que a mineradora Vale está fazendo para minimizar os impactos no município.
O estudo apresentado pela Vale ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com o pior cenário possível para o caso de a barragem Sul Superior se romper mostra provável “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” com mortes, especialmente no distrito de Socorro e nas cidades de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. O G1 teve acesso a um trecho do documento – chamado de “dam break” – nesta quinta-feira (23).
A descrição do potencial de inundação caso a barragem se rompa apresenta ainda a possibilidade de problemas relacionados ao abastecimento de água, impactos em área de preservação permanente, nas faixas marginais ao leito dos cursos de água, danos estruturais nos acessos locais de terra, rodovias e fornecimento de energia elétrica.
A Justiça determinou que a Vale proteja o patrimônio histórico de Barão de Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
Em nota, a Vale diz que reforçou todas as medidas preventivas na cidade desde o dia 8 de fevereiro. A mineradora reforçou que fez a retirada dos moradores das Zonas de Autossalvamento e apoiou autoridades na realização de simulados. Ainda segundo a empresa, o talude da mina de Gongo Soco e a Barragem Sul superior estão sendo monitoradas 24 horas por dia e que não há elementos técnicos que comprovem que o deslizamento do talude possa provocar o rompimento da barragem.
FONTE: www.g1.globo.com
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