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ENERGIA RENOVÁVEL DEVE RECEBER R$ 70 BI EM INVESTIMENTOS EM DEZ ANOS

Postado 20/11/2020

O avanço das fontes renováveis no Brasil tem acirrado a disputa entre novatos e gigantes do setor de energia. Apesar da pandemia, que levou a uma queda no consumo de eletricidade neste ano, projetos solares, eólicos e de biomassa entraram de vez na agenda de investimentos das companhias, já de olho em um aumento futuro da demanda.

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o segmento vai receber investimentos de R$ 50 bilhões a R$ 70 bilhões com a criação de parques renováveis próximos aos grandes centros de consumo nos próximos dez anos.

A maior preocupação com a agenda ambiental, a instabilidade dos preços da conta de luz e a queda de até 60% nos custos das energias solar e eólica desde 2015 impulsionam novos projetos. Essa junção de fatores injeta ânimo em um novo perfil de empresa que se consolida no setor. O Grupo Gera, criado em 2016, já tem oito usinas com capacidade de geração de 10 megawatts.

E agora planeja investir R$ 200 milhões para ampliar sua capacidade para 55 megawatts até o fim de 2021. Um megawatt atende cerca de 300 casas, estimam especialistas. Segundo Ramon Oliveira, presidente do grupo, já estão em construção no Rio projetos de biogás e solar, que ficarão prontos em julho do ano que vem: Há projetos em todo o Brasil. A pandemia reduziu o consumo, mas já está normalizando, e as empresas buscam mais eficiência.

Alta para o verão

A francesa GreenYellow também só cresce desde que iniciou suas atividades no Brasil, em 2014. Com usinas entre o Paraná e o Piauí, a meta da empresa é ampliar sua capacidade de 30 megawatts para 130 megawatts até 2022 e levantar R$ 500 milhões em investimentos, como usinas solares no Estado do Rio. O pior lugar do Brasil é o melhor da Alemanha em geração solar. O setor cresce com projetos em diferentes tamanhos, desde usinas até telhados solares — disse Pierre Yves Mourgue, diretor-presidente da empresa.

Segundo Guilherme Susteras, presidente da Sun Mobi, o consumo já está reagindo com a abertura da economia. Ele ressalta a expectativa positiva para o verão, por causa do home office. A empresa pretende aumentar sua capacidade de geração em dez vezes até o fim de 2021 e prevê investimentos de R$ 56 milhões: A demanda por projetos eficientes é crescente porque a tarifa elétrica no Brasil sofre com a instabilidade. Este ano não sobe porque teve a Covid.

A consultoria Safira acaba de colocar sua primeira usina solar, em Minas Gerais, em operação. A meta é investir R$ 300 milhões e aumentar o parque solar em dez vezes, em dois anos, para atender pessoas físicas. A energia produzida pelas usinas solares é injetada na rede elétrica da concessionária, gerando créditos que viram descontos na conta dos clientes, explica Mikio Kawai, diretor da Safira.

Lucas Araripe, presidente da Casa dos Ventos, destaca o avanço da venda de energia renovável no mercado livre, o que permite um ambiente mais competitivo, uma vez que as companhias podem optar por projetos mais baratos. Temos em carteira um volume de projetos renováveis que soma dez vezes o que temos hoje.

Já o Grupo Enel tem em construção no Piauí um parque solar e eólico que, quando pronto, será conectado ao Sistema Interligado Nacional, que reúne empresas de produção e transmissão de energia elétrica no país.

Além disso, a companhia amplia a construção de projetos menores para atender empresas. A Enel Green Power é a maior geradora de energia solar e eólica do país, com cerca de 845 MW de capacidade instalada de solar em operação. A energia renovável está cada vez mais competitiva. Há muito potencial no Brasil, e o crescimento vai depender do aumento da demanda. Não faz mais sentido construir termoelétricas, diz Roberta Bonomi, responsável pela Enel Green Power no Brasil.

Caminho semelhante é feito pela europeia EDP Renováveis, que investe em diversos projetos. Com capacidade de 330 megawatts, a empresa vai quadruplicar sua atual capacidade. Isso vai tornar o Brasil o terceiro maior mercado no mundo para a companhia, atrás dos Estados Unidos e da Espanha. Claro que, com a pandemia, as empresas gastam mais tempo analisando os projetos. Mas a tendência é de crescimento, e os preços menores vistos nos últimos anos são algo muito positivo, comentou Duarte Bello, diretor de Operação para Europa e Brasil da empresa.

Caminho sem volta

Para Thiago Barral, presidente da EPE, as fontes renováveis serão o carro-chefe da próxima década, com o avanço de projetos de diferentes portes no ambiente regulado e no mercado livre, influenciado pela redução dos preços: As fontes renováveis têm um papel de complementar o nosso sistema, em paralelo com as hidrelétricas e as térmicas a gás, que, com o seu barateamento, tendem a ter maior uso no setor industrial.

A Voltalia planeja investir R$ 2,5 bilhões até 2023, aumentando sua capacidade eólica de 600 megawatts para 1,6 gigawatts em 2022. Robert Klein, presidente da empresa, destaca a necessidade de criação de usinas híbridas, com solar e eólica juntas: O crescimento é um caminho sem volta, mas o avanço vai depender da retomada econômica e de mudanças regulatórias.

O setor atrai inclusive o segmento financeiro. A corretora XP investe em energia renováveis há dois anos. Já são três fundos com participação em usinas eólicas e solares e mais de R$ 275 milhões aplicados.

 

FONTE: O GLOBO

 

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