Glob Engenharia Ambiental - EM TEMPOS DE CISNE NEGRO NAS FINANÇAS, O QUE É O CISNE VERDE?

EM TEMPOS DE CISNE NEGRO NAS FINANÇAS, O QUE É O CISNE VERDE?

Postado 12/03/2020

Após a crise de 2008, os economistas passaram a adotar o termo “cisne negro” para se referir a eventos fora da curva e que tem um forte impacto negativo ou até catastrófico nas finanças. No início de fevereiro o Bank for International Settlements (BIS), conhecido como o Banco dos Bancos Centrais, publicou o livro The green swan – O Cisne Verde, figura criada pelos autores para se referir à perspectiva de uma crise financeira causada pelas mudanças climáticas.

Efeito Cascata

Segundo o vice-diretor do BIS, os cisnes verdes são eventos em potencial extremamente perturbador do ponto de vista financeiro, como por exemplo os recentes incêndios na Austrália ou os furacões no Caribe que aumentaram muito sua magnitude e consequentemente grandes custos financeiros já que as fábricas interrompem a produção ou ainda são destruídas, causando atrasos e aumento de preços. NO Brasil recentemente ocorreram as chuvas no Sudeste que causaram dezenas de mortes , prejuízos materiais ao Estado e a população e interrupções na produção industrial, ou seja, um efeito negativo que ainda nem foi medido totalmente na economia. Esse tipo de catástrofe causa um efeito cascata na economia, desencadeando uma crise financeira.

Por exemplo. Se ocorrer uma mudança abrupta nos regulamentos de extração de petróleo ou minerais, se houver uma mudança inesperada na percepção do mercado e os proprietários de determinados ativos decidirem se livrar deles, isso causa um pânico nos demais investidores, que também acabam se desfazendo de ativos. Todos esses riscos são estudados por bancos centrais e reguladores do sistema financeiro, que buscam uma maneira de antever a chegada de um cisne verde.

Como identificar um cisne verde?

Segundo os autores, os modelos de previsão do passado não foram projetados para incluir as mudanças climáticas. E, afirmam ainda que se uma crise semelhante a de 2008 acontecer de novo, os bancos centrais não terão mais como auxiliar no resgate mundial como naquele tempo, quando tiveram papel fundamental reduzindo as taxas de juros.

Acontece que mais de uma década depois as taxas continuam baixas, o que deixa pouco espaço de manobra para estimular as economias e impulsionar o crescimento. E, o livro também afirma que os níveis mínimos de capital acumulado para enfrentar crises, exigidos pelas regras atuais, não seriam suficientes para mitigar os efeitos de um cisne verde no sistema financeiro.

Fink, um dos autores pode não ser uma autoridade politica ou monetária, mas sua empresa administra ativos avaliados em quase US$7trilhões. “Durante os 40anos de minha carreira em finanças testemunhei uma série de crises e desafios financeiros: aumento da inflação nos anos 70 e inicio de 80; a crise monetária asiática em 1997; a bolha da internet e a crise financeira global, afirmou. Mesmo quando esses episódios duraram muitos anos, eles eram todos de um tipo de curto prazo é diferente com as mudanças climáticas.”

Quais os grandes riscos?

O livro apresenta 5 tipos de riscos associados às mudanças climáticas que podem contribuir para uma crise financeira. São eles:

  • Risco de Crédito: as mudanças climáticas podem atrapalhar os devedores a honrar seus compromissos. Além disso, a possível depreciação dos ativos utilizados como garantia para os empréstimos também pode contribuir para o aumento dos riscos de crédito;

  • Risco dos Mercados: se houver uma mudança acentuada na percepção de rentabilidade pelos investidores, poderá haver venda rápida de ativos, o que pode desencadear uma crise financeira;

  • Risco de Liquidez: ela também pode afetar bancos e instituições financeiras não bancarias. Se estes não conseguirem se refinanciar no curto prazo, isto poderia levar a uma crise maior;

  • Risco Operacional: ocorre quando, como resultado de um evento climático extremo, escritórios, redes de computadores ou data centers tem problemas para funcionar;

  • Risco de Cobertura: no setor de seguros, uma quantidade maior de sinistros poderia ser acionada, colocando as empresas do ramo em xeque.

 

FONTE: Cecilia Barria – BBC News Mundo

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