Desastre em Valência: Como as Mudanças Climáticas Estão Transformando o Clima Mediterrâneo
Postado 07/11/2024
A recente enchente que devastou a região de Valência, na Espanha, é um dos piores desastres naturais do século no país. Com mais de 200 mortos e centenas de desaparecidos, a tragédia trouxe à tona a vulnerabilidade das áreas mediterrâneas às mudanças climáticas1.
Historicamente, a Espanha já enfrentou enchentes severas, como a de Tous em 1982 e outra em 1987, mas o evento de 2024 superou todas as expectativas. Em apenas oito horas, choveu o equivalente ao esperado para um ano inteiro1. A região mediterrânea, conhecida por seu clima quente e seco no verão e ameno e chuvoso no inverno, está particularmente suscetível a fenômenos climáticos extremos23.
O fenômeno conhecido como “gota fria” ou DANA (Depressão Isolada de Alta Altitude) é comum no final do verão mediterrâneo. Ele ocorre quando uma massa de ar polar isolada colide com o ar quente e úmido do Mediterrâneo, resultando em tempestades intensas e chuvas torrenciais2. No entanto, a intensidade e a frequência desses eventos têm aumentado, um sinal claro das mudanças climáticas4.
Especialistas apontam que o aquecimento global está aquecendo as águas do Mediterrâneo, o que contribui para a formação de nuvens mais poderosas e precipitações mais intensas4. Segundo um relatório preliminar da World Weather Attribution, as chuvas que atingiram a Espanha em 2024 foram 12% mais intensas e a probabilidade de ocorrência desses eventos dobrou4.
As mudanças climáticas estão alterando os padrões climáticos globais, tornando eventos extremos como enchentes e secas mais frequentes e severos5. A região mediterrânea, com sua combinação de verões secos e invernos chuvosos, está particularmente em risco. A previsão é que, se as emissões de gases de efeito estufa não forem reduzidas, a frequência e a intensidade desses eventos continuarão a aumentar, colocando em risco vidas humanas e causando danos econômicos significativos5.
A tragédia em Valência serve como um alerta urgente para a necessidade de ações climáticas mais robustas. A adaptação e a mitigação são essenciais para proteger as comunidades vulneráveis e garantir um futuro mais seguro e sustentável para todos.
Por Fabiane Bianchi Locatelli, Engª Quimica GLOB Engenharia Ambiental
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